domingo, 8 de dezembro de 2013

Conto - Recomendado para Leitores MAIORES DE 18 ANOS



            A NOIVA DO VIZINHO 


André era meu vizinho já há bastante tempo, o apartamento em que morava, pegado ao meu, havia pertencido à sua mãe, uma senhora gorda, de andar lento, que nunca me cumprimentava quando nos encontrávamos, nos corredores ou no elevador. Ela morrera há mais ou menos um ano e, desde então, seu único filho, solteiro, herdeiro universal, mudara-se para lá.
André era uma pessoa cordial, me cumprimentava sempre e era gentil com as pessoas do prédio, muito diferente de sua mãe, o que me fazia sempre pensar: como alguém como ela podia ter criado uma pessoa tão amável, quanto era meu atual vizinho?
Mas, a principal qualidade de meu amigo... não poderia chamá-lo de amigo, o mais correto seria: conhecido, pois como já dissera antes nossa relação não excedia os “bons dias”, “boas tardes” e “boas noites”, ditos à soleira da porta. Mas, voltando ao assunto, a principal qualidade dele era sua noiva: Marlene. Marlene era uma daquelas mulheres de fazer cair o queixo, linda exuberante, dotada de dois olhos verdes de um brilho comparado às esmeraldas, uma pele alva e cabelos negros como a noite, que, em fios retos, adornavam seu rosto e caíam por suas costas quase até a altura da cintura.
Vez por outra eu a via com ele, entrando e saindo do apartamento, sempre numa “estica” de fazer inveja. Foi numa dessas vezes, quando ele voltara a entrar para apanhar algo que esquecera, e a deixara à porta, que ela puxou assunto:
— Quente hoje, não? 
— Sim. — respondi, meio sem jeito, enquanto deixava cair a chave, que tentava enfiar no buraco da fechadura — Quente demais!
André voltou, antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa e, enquanto aguardavam o elevador, eu entrava e pude vê-la, dissimuladamente, dar uma piscadela em minha direção.
Depois daquilo, demorou muito a voltar a vê-la, mas, quando aconteceu, ela sequer me dirigiu o olhar, pelo menos que eu percebesse.
Bom, o tempo passou, sem nenhum acontecimento peculiar, porém, numa noite de chuva, daquelas que alaga a cidade, causando confusão no tráfego e deixando muitos desabrigados; eu estava sentado em minha sala, lendo um livro, enquanto os relâmpagos iluminavam vez por outra a noite negra, quando o som estridente da campainha soou repetidas vezes, antes que eu alcançasse a porta. Ao abri-la, surpresa minha ao me deparar com Marlene, molhada dos pés à cabeça. Estranhei mais porque, justo naquela semana, dias antes, André também batera à minha porta, pedindo gentilmente, que desse uma olhada em qualquer coisa estranha, referente ao seu apartamento, pois estaria fora, viajando por alguns dias.
Bem, o que importava era que ela estava ali, na minha frente, molhada e pingando em meu capacho de boas vindas. 
— Posso entrar? — indagou ela, tremendo de frio.
— Claro. — concordei, saindo da frente da porta, dando-lhe passagem - Desculpe.
Marlene entrou, dando uma olhada ao redor, reparando em meu apartamento, bagunçado como o de qualquer solteiro, que não esperava por ninguém; depois parou, no meio da sala.
— Desculpe, mas o André me havia dito que estaria voltando hoje. Vim vê-lo, bati na porta até agora e nada... Como estou com muito frio e a rua está praticamente alagada, dificultando meu retorno, resolvi bater.
— Claro... Claro! — disse eu, enquanto ia até o banheiro, apanhar uma toalha seca para ela se enxugar.
Voltei rapidamente, trazendo uma toalha limpa, que apanhara no armário do banheiro, enquanto ela continuava a tremer. Entreguei-lhe e ela começou a se enxugar, principiando pelos longos cabelos negros, depois pelos braços, enquanto retirava a jaqueta jeans que, ensopada me entregou.
— Você pode segurar pra mim? — indagou com um tom gentil, porém com uma ponta de malícia no sorriso.
— Claro. — parecia que essa era a única coisa que conseguia dizer diante daquele monumento, que a camiseta branca, de algodão, molhada até a alma, se revelava.
Apanhei a jaqueta e fui até a pequena área de serviço, onde pendurei-a, enquanto lá fora, através das amplas janelas envidraçadas, podia ver a chuva torrencial que se abatia sobre a cidade maravilhosa.
Quando voltei à sala, ela havia tirado os sapatos, colocando-os ao lado da porta do banheiro, e sobre ele as meias brancas, que tirara dos pés, bem tratados e de unhas pintadas, porém enrugados devido à água que entrara nos sapatos.
— Será que eu podia tomar um banho? — perguntou ela, olhando para o interior do banheiro, onde um box translúcido servia de fronteira com o interior da área de banho — Quem sabe assim ajuda a passar esse frio.
— Claro... Pode sim. — concordei, conseguindo sair de minha gagueira mental — Há sabonete e shampoo, não sei se do seu agrado, mas...
— Serve. — concordou ela, entrando no banheiro, enquanto eu, educadamente, porém morrendo de curiosidade, fechava a porta.
Lá de fora, sentado na sala, escutava o barulho do chuveiro e imaginava a água quente caindo naquele corpo macio e rolando sobre aquelas curvas exuberantes; enquanto tentava me distrair, voltando à leitura.
A tortura durou longos minutos e logo a porta abriu-se, deixando sair o vapor, que tomara conta do banheiro, invadindo o corredor... Em seguida ela saiu, enrolada na tolha, que lhe cobria o corpo desde acima dos seios indo até a altura das coxas, bem próximo à virilha. Sem nada dizer, seguiu para o meu quarto, enquanto eu fingia não ver nada. Ela entrou e nem fechou a porta; saiu, alguns minutos depois, usando uma camisa minha, de cor amarela, comprida, que chegava até a altura de suas coxas. Imaginei o que estaria usando por baixo.
Ela aproximou-se e sentou no sofá, à minha frente, arrumando a camisa para proteger-lhe as partes íntimas, enquanto cruzava as pernas, acomodando-se.
— Agora está melhor. — disse ela, indicando a camisa que usava — Tomei a liberdade...
— Sem problema. — disse eu, baixando o livro, porém não conseguindo desviar os olhos dela. Estava linda e suas formas excitavam minha imaginação.
— O que está lendo? — indagou ela, erguendo-se e vindo para o meu lado; passou, e agachou-se, atrás do braço do sofá, onde eu estava com a cabeça recostada e seu rosto quase tocou o meu — Algo interessante?
— Não. — disse, sentindo o perfume gostoso do sabonete em seu corpo. Parecia que no meu não fazia o mesmo efeito — Qualquer coisa para passar o tempo.
Sentei-me, afastando meu rosto do dela, ela, porém, insistiu, insinuando-se por sobre o braço do sofá.
— Há modos melhores de “passar o tempo”! Você não me disse seu nome, ainda. — brincou ela, abrindo aquele sorriso malicioso.
— Márcio... Meu nome é Márcio. — disse, voltando meu rosto para o dela, enquanto pensava: por que resistir? — E o seu? — indaguei, fingindo não saber.
— Marlene. — ela passou o braço por sobre meu ombro, retirando o livro de minhas mãos, enquanto tocava o lóbulo de minha orelha com seus lábios.
Virei-me e nossas bocas encontraram-se, unindo-se num beijo quente e molhado; aquela boca carnuda, porém pequena era deliciosamente doce. Logo caíamos do sofá, rolando no chão, enquanto a camisa dela subia, revelando suas intimidades. 
Com sofreguidão ela começou a tirar minha camisa, enquanto eu puxava a blusa dela, arrebentando seus botões e liberando seus seios, altivos e ristes como o cume de uma montanha, que rosados pareciam estourar por entre os botões.
Minhas mãos começaram a percorrer aquele corpo nu, lançado sobre meu carpete, detendo-se, inicialmente, nos formosos seios, que enchiam minhas mãos, de forma maravilhosa e quente; depois, desceram, percorrendo suas curvas, até atingirem sua intimidade, que parecia estar febril.
Logo ela ergueu-se, estendendo-me sua mão e melhor pude constatar suas formas e a cintura delicada que desembocava naqueles quadris arredondados e belos. Suas pernas compridas e bem torneadas estavam bronzeadas, talvez do sol da praia, contrastando com o rosto alvo, talvez protegido por protetor-solar.
Segurei sua mão e ela conduziu-me para o quarto. Lá terminei de despir-me e deitei sobre ela, que se estendera sobre minha cama, cobrindo-se com aqueles cabelos negros e longos, que úmidos aderiam à nossa pele.
Foi uma noite incrível, de sexo e desejos desenfreados. Por diversas vezes paramos e recomeçamos, em sessões quase que ininterruptas, que levavam-nos à loucura, realizando fantasias e colhendo desejos, além de um frenesi, que eu jamais julgara um dia conseguir atingir com alguém, e que perdurou até o dia amanhecer com o sol, que surgia para limpar o dia e as ruas, cheias de água, lixo e entulho, arrastado pela força das águas que formara um rio, levando tudo em sua correnteza.
Quando por fim adormecemos, estávamos exaustos e suados, enquanto o sol invadia o quarto, iluminando nossos corpos que brilhavam sob seus raios.
Ao acordar, encontrei Marlene já se vestindo. Suas roupas talvez já tivessem secado e, mesmo que úmidas ela as vestia assim mesmo. Fiquei observando-a, enquanto apanhava-as, hora aqui, hora por ali e só quando terminou, ousei interrompê-la.
— Bom dia! — disse, esboçando um sorriso.
— O mesmo. — respondeu, procurando as meias, para calçar os sapatos.
— Já vai? — levantei-me, enrolado nos lençóis e aproximei-me dela.
— Já! — ela sorriu, olhando-me nos olhos enquanto apalpava os sapatos, verificando que continuavam molhados — Espero que tenha gostado. Mas, acertemos uma coisa: Isso nunca aconteceu!
— Como? — fiquei surpreso, aquelas palavras me pegaram tão desprevenido que deixei o lençol cair.
— Isso mesmo! Confesso que já fazia um tempo que tinha um tesão por você. Mas, agora já demos um fim nele, caso encerrado! — ela sorriu e segurando os sapatos, ainda molhados e as meias, numa das mãos, com a outra mandou-me um beijo e seguiu para a porta, onde parou, antes de abri-la. — André deve voltar talvez amanhã, ou depois; ele é super ciumento e estamos de casamento marcado. Acho melhor guardar nosso segredo... Quem sabe, ainda podemos ter um “repeteco”...
Ela saiu, deixando-me pasmo, sem saber o que fazer ou o que pensar.
Por várias noites passei recordando aqueles momentos sem conseguir pregar o olho, porém, um belo dia, ao sair de casa para ir ao jornaleiro, deparei-me com André e Marlene, chegando. Ele abria a porta, com um largo sorriso nos lábios, enquanto ela adulava-o, de maneira carinhosa e gentil. Coitado, não imaginava a garota com quem ia se casar.
Fiquei ali parado, após ele me cumprimentar e, assim que ele entrou na frente, ela voltou seu olhar para mim e com um sorriso dissimulado deu uma longa piscadela.
Os dois entraram, deixando-me ali, pasmo, sem ação, mas logo me recompus e, caminhando até o elevador sorri, afinal de contas, pelo jeito, logo Marlene seria minha nova vizinha.


3 comentários:

  1. Obrigado pelo espaço e divulgação.
    Um trabalho excelente, como sempre!
    Um grande abraço!
    Almir Carlos Valente

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    Respostas
    1. Nós é que agradecemos por compartilhar conosco seu conto.
      Parabéns e Sucesso!!!
      Grande abraço!

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    2. O Prazer é todo meu! Só tenho a agradecer!

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